Drowned Gloria

Sobre memorias, melodias e depois

Logline

Um filme musical que interconecta três estórias, cidades e tempos confrontando suas personagens femininas com as relações de poder às quais estão submetidas: a busca de libertação no conto libanês Madame Rose Hanie (1908) afeta irreversivelmente Anne, a autocentrada líder da banda inglesa de pós-punk Drowned Gloria (Londres, 1980). As canções da banda narram a estória de conflitos do grupo assim como as frustrações e fracassos da sua fã brasileira Glória (Rio de Janeiro, dias atuais) que teve imprevisível influência nos destinos da banda

Conceito

O roteiro do longa-metragem Drowned Gloria tem como conceito explorar a estrutura narrativa e estética que foi popularizada através dos vídeo clipes com cruzamento de linguagens que caracterizam o estilo – grafismos, animações, situações performáticas das artes visuais, cinematográficas, documentais, coreográficas etc. A estrutura narrativa do vídeo clipe é capaz de dar conta de histórias de maneira sintética, através de diferentes formatos usando flashes de sequências entrecortadas, simultâneas, bifurcadas, com atravessamentos, sobreposições de imagens e letras de música que contam a vida do personagem em algumas estrofes. O gênero musical deste roteiro tem estrutura não convencional multitrama e usa, além de canções originais, diálogos e depoimentos pessoais para contar a história das três protagonistas, Rose Hanie, Anne e Glória.
O tema de fundo fala sobre as possibilidades generosas do amor e parte de realidades de afeto destas três mulheres, que vivem aprisionadas em comportamentos viciados nos jogos de poder e veem essas crenças confrontadas entre: escolher desvirginar sentidos generosos para o amor ou permanecer no modo intranquilo em que se apoiam no outro. Para abordar este tema, as narrativas são estruturadas em três núcleos de tempos e espaços confrontando, assim, realidades socioculturais distintas, mas que revelam comportamentos repetidos. Partimos da premissa, dentro dessa distensão sócio-temporal, que a repetição do padrão comportamental humano consolidou o paradigma do amor como relação de poder. Em contraponto, propõe-se a reflexão sobre a necessidade da construção de relações generosas.
O roteiro é uma adaptação cinematográfica do espetáculo multimídia “Cartas
de Amor – electropoprockoperamusical”, escrito e dirigido por Flavio Graff, patrocinado pelo Banco do Brasil e Ministério da Cultura, apresentado durante dois anos, com grande sucesso de público e crítica, no Centro Cultural Banco do Brasil Brasília e São Paulo, Sesc e Caixa Cultural Rio de Janeiro.

Sinopse

A primeira trama, O Mundo Árabe, é uma adaptação do conto Madame Rose Hanie,
do poeta libanês Kahlil Gibran. Conta a história de Rashid, rico homem que compra o amor da jovem Rose seguindo as regras e costumes da sociedade em que vive. Rashid sente-se moralmente vilipendiado quando Rose decide abandoná-lo na busca de libertação da vida opressiva em que vive. Anne, a personagem da segunda estória – O Mundo Pós-Punk – assiste esta trama pela TV, revelando-a como um filme dentro do filme.
Este Mundo Pós-Punk traz no estilo musical a estética norteadora do filme. As famosas canções da banda inglesa de pós-punk Drowned Gloria contam as estórias do grupo assim como as frustrações e fracassos de Glória, a personagem da terceira trama. Anne e John são os líderes da banda e devido ao sucesso que fazem vivem situações de disputa de poder movidos pelos egos exacerbados. Anne é arrogante e exerce influência sobre John, controlando e humilhando o parceiro. Contudo, inesperadamente ele reage deixando a banda e recomeçando sua carreira musical com outros parceiros. Anne sentindo-se traída planeja vingança, mas não até chocar-se com percepção de suas próprias ações. Decidem, então, reconsiderar voltando a trabalhar juntos, mas agora com nova configuração onde há interação direta com a audiência. Looking for Gloria é a performance musical instalativa apresentada. Foi inspirada no misterioso bilhete deixado por uma fã chamada Glória. Na performance mulheres da vida real de nome Glória são convidadas pela banda para dar depoimentos pessoais como nos filmes documentários.
A terceira trama, O mundo de Glória, apresenta Glória, brasileira, ardorosa fã de Drowned Gloria que vê sua vida contada nas canções da banda. Viveu em Londres (1980) quando era jovem promissora estudante de moda. No entanto, deixou pra trás os sonhos de uma carreira bem sucedida para casar-se com o ex-marido Ismael e ter dois filhos no Brasil. Atualmente, vive solitária num Kitchenete em Copacabana e se sente frustrada já que em tudo que acreditou fracassou. Busca parceiros nas suas noites furtivas até que encontra Xavier, cinco anos mais jovem. Ele desafia Glória a viver relação genuína deixando de lado seu comportamento controlador. Glória descobre que Drowned Gloria apresentará em museu da cidade a performance Looking for Gloria, 35 anos depois da criação. Decide ir e descobre que o bilhete que escreveu em 1980 (London) e deu para John inspirou a performance. Enquanto isso, mudanças nos planos profissionais de Xavier o levarão para o Líbano. Glória terá que enfrentar o desafio de decidir o que fazer com sua vida.

Renata Sorrah é Glória

Renata Sorrah, é uma premiada e consagrada atriz de teatro, cinema e televisão e produtora teatral brasileira considerada uma das melhores atrizes do Brasil. Embora seja mais conhecida pelo grande público por seus trabalhos nas telenovelas da TV Globo, onde eternizou grandes personagens femininas, ela atua no teatro nacional há mais de 40 anos e especializou-se sobretudo na interpretação dramática.

Coprodução internacional Mecanismos de financiamento

O Brasil dispõe de diversas fontes de financiamento para a produção, distribuição e exibição de filmes, das quais a maior parte é proveniente das leis de incentivos fiscais e que também podem ser utilizadas nas coproduções internacionais.
Para que uma obra seja considerada coprodução entre Brasil e Reino Unido, é necessário ao menos um coprodutor britânico e um brasileiro no projeto, e também que cada país envolvido aporte no mínimo 20% da verba de produção e, no máximo, 80%. Caso outros países estejam envolvidos, o aporte do coprodutor majoritário deve representar, no máximo, 70% dos custos de produção. A relação bilateral entre Brasil e Reino Unido possibilitou o lançamento de coproduções como Jean Charles (2009), de Henrique Goldman, e Lixo Extraordinário (2009), de João Jardim.
Entre outras coproduções recentes, podemos citar: “Ensaio Sobre a Cegueira”, de Fernando Meirelles (Canadá-Japão-Brasil), “O Céu de Suely”, de Karim Ainouz (Brasil-Alemanha-Portugal-França), “Lope”, de Andrucha Waddington (Espanha-Brasil), “Corações Sujos”, de Vicente Amorim (Brasil-Japão), entre outros, além dos sucessos mais antigos como “Diarios da Motocicleta” e “Central do Brasil”.

Os benefícios

Além da ampliação de mercados, das fontes alternativas de financiamento e do acesso à projetos de produtores e roteiristas de outros países, as co-produções internacionais, através das ferramentas de incentivos legislativos e financeiros disponíveis, são cada vez mais atrativas para promover o objetivo comum de expandir a indústria cinematográfica nacional e difundir a natureza colaborativa da produção cinematográfica no globalizado ambiente audiovisual.
Trocar experiências, promover o intercâmbio de culturas e inserir as obras e profissionais brasileiros no cenário mundial. Estes são alguns dos benefícios que as co-produções internacionais trazem para o cinema no Brasil. Em crescimento acelerado no país, as parcerias estrangeiras proporcionam visibilidade aos produtores tupiniquins e atingem um público diversificado, facilitando a distribuição dos filmes nos mais diferentes mercados.