Helio Pellegrino

Homem de Muitos Amores

“Sou homem de muitos amores – isto é, de muitos interesses ― e, para tão longos amores, tão curta é a vida. Não há ninguém que consiga, no tempo de uma vida, esgotar todas as possibilidades.”

Documentário dirigido por Renata Paschoal em codireção com Dora Pellegrino contará, em estilo não linear, a trajetória de Hélio Pelegrino como psicanalista, escritor, poeta, pensador, revolucionário e um apaixonado pela vida, além de sua postura militante na política brasileira, que serviu de porta-voz à classe literária do país na sua época.

Transmitindo o pensamento, o olhar e as realizações de um homem que viveu esgalhando-se, amplamente, em todas as direções, acertando e errando, pagando alto preço de sua ousadia em fazer da própria vida um exercício de liberdade.

 

Breve História da Vida e Obras

Este poeta, psicanalista, escritor e ativista político, mineiro de Belo Horizonte, atuou como ninguém em seus 64 anos de vida. Raras pessoas terão sabido, como ele, combinar ação e pensamento. Dono de uma capacidade verbal assombrosa, batalhou por meio de ensaios, palestras, debates, conferências e artigos na imprensa. Mas não ficou sendo um intelectual de gabinete: levou seu verbo também para as praças, ruas, palestras, e por causa dele amargou três meses de prisão sob o AI-5, em 1969. Psiquiatra e, mais tarde, psicanalista, concebia seu ofício como um instrumento de libertação — mas não se limitou a exorcizar os fantasmas que rondam os divãs: combateu igualmente os vícios e monstruosidades da instituição psicanalítica.

Além de poeta, dedicou-se também à grandeza da literatura. Ainda na infância, ficou amigo de Fernando Sabino, amizade que perdurou até o fim de suas vidas. Ao lado dele, de Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos, fundou o grupo chamado “Os quatro mineiros“. O quarteto contribuiria mais tarde na cultura literária do país significativamente.

Assim viveu Hélio Pellegrino: esgalhando-se, amplamente, em todas as direções, acertando e errando, pagando alto preço de sua ousadia em fazer da própria vida um exercício de liberdade.

Duas semanas antes de morrer, num jantar em sua casa, ele surpreendeu alguns dos convidados ao pedir que Frei Betto lhe arranjasse um padre, pois queria se confessar. “Logo você, Hélio, adepto da Igreja moderna, da Teologia da Libertação?”, houve quem se escandalizasse. Um dos presentes lhe perguntou se aquele desejo de se confessar não escondia o medo de morrer. “Não, com a morte eu já acertei as minhas contas”, respondeu Hélio serenamente, para arrematar com bom humor: “Meu problema, agora, é com Deus — e, como mineiro, prefiro chegar a Ele através de um chefe de gabinete.”

 

Ficha técnica

Direção: Renata Paschoal

Codireção: Dora Pellegrino

Fotografia: Victor Vidigal

Produção Executiva: Roberta Guedes

CoProdução: 17 Filmes e Acme